Ministério Público Militar investiga denúncias de abusos do chefes do batalhão
Nesta quinta-feira (21), o procurador do MP Militar José Luiz Pereira Gomes começou a ouvir quatro testemunhas do caso e hoje deverá ouvir outras quatro
Denúncia dos militares também afirma que os coletes à prova de balas das unidades estão vencidos e mesmo assim são usados. Foto: Jander Robson |
Manaus (AM) - Militares do 7º Batalhão da Polícia do Exército (BPE) apresentaram ao Ministério Público Militar uma série de denúncias contra o comandante da unidade, Ricardo Yoshiyuki Omaki, e o subcomandante, Raul José Vidal Junior, por diversas irregularidades. Entre as supostas irregularidades está o uso do consultório odontológico do quartel para fins particulares da esposa do comandante, Lucinei Omaki, que é dentista, além do uso de viaturas para atividades pessoais. Nesta quinta-feira (21), o procurador do MP Militar José Luiz Pereira Gomes começou a ouvir quatro testemunhas do caso e hoje deverá ouvir outras quatro.
A denúncia foi protocolada no início do mês. O documento cita pelo menos dez irregularidades praticadas pelos chefes do batalhão. Conforme a denúncia, Ricardo Omaki autorizou que a esposa dele exercesse a profissão de dentista no consultório da unidade e usasse os materiais odontológicos para atender pacientes particulares. Os militares relatam que a esposa do comandante realizava as suas consultas na unidade em dias sem expediente e que, nos dias que havia expediente, Lucinei utilizava o consultório apenas na hora do almoço. “O comandante ordenava que a tenente ficasse dentro do consultório enquanto sua esposa atendia seus pacientes particulares (...) apenas com o intuito de disfarçar a ilegalidade cometida”, diz trecho da denúncia.
O subcomandante Raul José Vidal Junior é citado no documento como a pessoa que fazia a “escolta” da esposa de Omaki para evitar que a guarda a impedisse de entrar no batalhão. A denúncia também afirma que Lucinei tinha autorização do comandante para utilizar todos os materiais odontológicos para atender os pacientes dela. Outra irregularidade apontada na denúncia é a utilização de viaturas e motoristas militares para atividades pessoais. Omaki teria sido, inclusive, flagrado por um militar chegando em uma boate na Zona Oeste em um carro da PE. O militar que fez o registro foi obrigado a apagar a fotografia e, posteriormente, foi expulso da corporação.
A denúncia afirma ainda que Ricardo Omaki obrigou outros dois militares a pagarem “indenizações” por prejuízos causados em motocicletas da unidades durante o serviço. Para um deles, o comandante chegou a cobrar R$ 18 mil. As cobranças aconteceram mesmo os dois militares tendo sido absolvidos nas sindicâncias instauradas para apurar cada acidente. Raul Vidal, por sua vez, foi denunciado por utilizar militares para fazer pagamentos de contas pessoais em casas lotéricas.
Para A CRÍTICA, o Comando Militar da Amazônia (CMA) informou que até o momento não foi notificado sobre as denúncias. Hoje, o MP Militar deve concluir os depoimentos das testemunhas e decidir que vai oferecer a denúncia à Justiça Militar ou se irá pedir novas investigações sobre o caso.
A Crítica/montedo.com