FABIO PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Passado um ano da morte da onça-pintada Juma, ocorrida em Manaus após a passagem da tocha olímpica pela cidade, o Ministério Público Federal no Amazonas decidiu pedir o arquivamento da ação criminal que responsabilizava o Exército.
A decisão, de acordo com o MPF, se deu após a realização de inquérito aberto pela Polícia Federal não ter apontado provas capazes de sustentar denúncia criminal.
A decisão de arquivar a acusação causa polêmica entre especialistas em manejo de animais silvestres.
O pedido está em análise pela Câmara de Coordenação e Revisão do MPF em Brasília. Além da ação criminal que tramita na 7ª Vara da Justiça Federal no Amazonas, ação civil pública também foi aberta em agosto de 2016.
Em dezembro, após assinatura de acordo entre MPF e Exército para que militares adotassem "medidas corretivas" no trato de animais silvestres, a medida foi extinta.
Em 20 de junho de 2016, a onça Juma participou da solenidade de revezamento da tocha olímpica, que teve o CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), do Exército, como ponto de parada.
Após posar ao lado da tocha, a onça foi morta por militares ao escapar quando era levada para dentro da jaula.
Laudo do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas apontou que ela foi morta com tiro na cabeça. O órgão aplicou multa de R$ 40 mil dividida a três unidades: CMA (Comando Militar da Amazônia), 1º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva) e CIGS.
"Ficou claro que houve crime ambiental", afirma Celso Martins, veterinário e professor da Universidade de Santo Amaro. Para ele, o caso foi "abafado" por ter o envolvimento do Exército.
Responsável por coordenar cativeiros de onças em Jundiaí (SP), a veterinária Cláudia Adania diz não ver motivo para criminalizar os militares.
OUTRO LADO
O Exército informou que só se manifestará após o julgamento da ação criminal. O Ipaam, por sua vez, informou que em 30 dias apresentará o parecer final do processo interno sobre o caso Juma. O documento, diz o instituto, trará as novas sanções ao Exército, além das já impostas. A Folha pediu ao MPF acesso ao inquérito, mas foi informada que só o receberia mediante autorização da Justiça.
Folha de São Paulo/montedo.com