Entidades santa-marienses alegam que homenagear um "torturador e assassinato é uma afronta à democracia"
A Frente Ampla por Direitos e Liberdades e o Comitê Carlos de Ré - Verdade, Memória e Justiça enviaram uma nota de repúdio à homenagem póstuma feita pelo Exército Brasileiro ao coronel santa-mariense Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi realizada na última segunda-feira, 26 de outubro, em Santa Maria. Ustra morreu em 15 de outubro.
Os dois movimentos repudiam a homenagem por considerar que Ustra foi "um dos mais notórios torturadores e assassinos da ditatura civil-militar brasileira" e "como chefe do DOI-CODI paulista entre 1970 e 1974, Ustra comandou e praticou torturas e assassinatos contra cidadãos brasileiros que estavam sob sua custódia". As entidades alegam que Ustra era réu em centenas de processos e foi declarado torturador pelo Poder Judiciário, tendo morrido "impune". Essa frente reúne mais de 40 movimentos sociais ligados aos direitos das minorias e dos direitos humanos.
Para os dois movimentos, "homenagear o criminoso Brilhante Ustra representa uma provocação à democracia brasileira, às suas instituições constituídas, à memória das vítimas e de seus familiares e à toda a sociedade. A nota complementa dizendo que "a permanência no Exército Brasileiro de oficiais que atuem para manter viva a memória de criminosos como Ustra representa, assim, uma ameaça à democracia e aos direitos humanos no país, e transmite a mensagem de que as Forças Armadas endossam os assassinatos, torturas e graves violações praticadas por Brilhante Ustra".
O comandante da 3ª Divisão do Exército, em Santa Maria, general de divisão José Carlos Cardoso, confirmou que foi realizada uma solenidade, na 6ª Brigada de Infantaria Blindada, voltada a militares da reserva, em que foi "feita uma menção ao Brilhante Ustra". Sobre a nota de repúdio, o comandante se limitou a dizer que "é um direito das entidades se expressarem", mas preferiu não fazer mais comentários.
DIÁRIO DE SANTA MARIA/montedo.com